A dismenorreia, frequentemente conhecida como cólica menstrual, é caracterizada pelo desconforto na região pélvica, podendo ser extremamente intensa durante alguns dias antes ou durante o período menstrual, em alguns casos, a região lombar também é acometida pelo desconforto. Além da dor, efeitos como cefaleia, náusea, aumento da frequência urinária, constipação e diarreia também podem aparecer. A fim de aliviar os sintomas, muitas pessoas que menstruam utilizam remédios, podendo ou não ter seus resultados esperados, além de lidar com seus efeitos colaterais. Nesse momento, a quiropraxia surge como uma alternativa saudável, eficaz e não invasiva para o seu tratamento.
Dismenorreia primária e secundária
De acordo com Hipócrates, frequentemente considerado o pai da medicina, dismenorreia vem do grego e está relacionada à “menstruação dolorosa”. Tendo prevalência em cerca de 50 a 90% em pessoas do sexo feminino ao longo da fase reprodutiva, a cólica menstrual pode ser classificada como primária e secundária.
A primeira e mais popular, também pode ser nomeada de funcional e não apresenta motivo orgânico que a justifique, geralmente diminui ou desaparece depois da gravidez ou depois dos vinte anos de idade, estudos mostram que a vasoconstrição em artérias uterinas acaba elevando os níveis de prostaglandinas -sinais químicos celulares lipídicos parecidos com hormônios- nas células endometriais, onde as suas consequências podem ser as contrações exacerbadas do útero e dor, podendo causar hipóxia e isquemia, o que resulta nos desconfortos e sintomas. Há também estudos que mostram a superprodução de vasopressina, hormônio estimulador da contração do tecido muscular, fator contribuinte na cólica menstrual.
A dismenorreia secundária ou orgânica deriva de alguma condição patológica identificável, como endometriose (tecido endometrial se desenvolve para além do útero), miomas, adenomiose e doença inflamatória crônica, comumente observada em pessoas que menstruam entre trinta e quarenta e cinco anos de idade, algumas causas menos comuns podem ser derivadas de anomalias congênitas, cistos e tumores ovarianos, doença inflamatória pélvica e dispositivo intrauterino (DIU).
Tratamentos
A elevação dos níveis plasmáticos de prostaglandinas, em destaque a alfa-F2 prostaglandina, é frequentemente tratada com o uso de anti-inflamatórios não esteroides e contraceptivos, entretanto, podem causar efeitos colaterais extremos, como a supressão do sistema imunológico, trombose e ataques cardíacos, além de complicações gastrointestinais como úlcera gástrica e hemorragia interna. Cerca de 5 a 15% das pessoas com dismenorreia primária têm sua rotina interferida por causa da dor, podendo resultar na falta de presença na escola e no trabalho. Nos Estados Unidos, aproximadamente 60% das adolescentes que menstruam relatam cólicas e 14% perdem aulas regularmente, também foi constatado que em 20-25% dos casos administrados com medicamentos não obtiveram melhoras do quadro álgico. Como alternativa não farmacológica e ao mesmo tempo capaz de promover o tratamento da cólica menstrual, a quiropraxia colabora no aumento da mobilidade da coluna e do suprimento sanguíneo pélvico, diminuindo a dor causada durante o período menstrual.
Quiropraxia
Visando uma conexão adequada e promissora entre o útero e o sistema nervoso, os ajustes quiropráticos também possibilitam um ciclo menstrual com menos cólicas e dores lombares. Segundo a recomendação da Endometriosis Foundation of America, a quiropraxia também pode beneficiar pessoas com endometriose, distúrbio crônico que causa dor intensa, principalmente durante a menstruação. O ajuste realizado pelo quiropraxista atua na diminuição da atividade nociceptiva local que se encontra acentuada durante a dor, atenuando a atividade simpática e possibilitando a modulação da inflamação. Através da quiropraxia, pode ocorrer inibição na soma temporal, modulando a ação das fibras nociceptivas, especialmente as fibras C e, consequentemente, diminuindo a dor gerada (GEVERS-MONTORO, 2021).
O estresse, ansiedade e falta de exercício físico possuem influência na ocorrência de cólicas menstruais. Além do tratamento quiroprático, ter um sono adequado, dieta saudável (com baixo índice de gordura e suplementos nutricionais, como os ácidos graxos ômega-3, linhaça, magnésio, vitamina B1, vitamina E e zinco) e aplicar compressa de água quente são fundamentais no alívio dos sintomas.
Referências
http://quiropraxia.org.br/assets/rbq_vol_2_n_2.pdf
Grgić V. Dismenoreja izazvana poremećajima lumbosakralne kraljeznice. Patogeneza, dijagnoza i terapija s posebnim naglaskom na spinalnu manipulativnu terapiju [Dysmenorrhea induced by lumbosacral spine disorders. Pathogenesis, diagnosis and therapy with special emphasis on spinal manipulative therapy]. Lijec Vjesn. 2009 Sep-Oct;131(9-10):275-9. Croatian. PMID: 20030292.
Kokjohn K, Schmid DM, Triano JJ, Brennan PC. The effect of spinal manipulation on pain and prostaglandin levels in women with primary dysmenorrhea. J Manipulative Physiol Ther. 1992 Jun;15(5):279-85. PMID: 1535359.
Gevers-Montoro C, Provencher B, Descarreaux M, Ortega de Mues A, Piché M. Neurophysiological mechanisms of chiropractic spinal manipulation for spine pain. Eur J Pain. 2021 Aug;25(7):1429-1448. doi: 10.1002/ejp.1773. Epub 2021 Apr 15. PMID: 33786932.